04/04/2025
Especialistas debatem sobre o Direito do Trabalho atrelado à inovação e tecnologia
No primeiro painel do 23° Simpósio, no qual foi abordado o tema das Relações de Trabalho na Era Digital, a mediadora, Diretora Financeira Luciana Pereira de Souza, abriu as discussões ressaltando a relevância do tema, que abrange não apenas as transformações nas relações de trabalho, mas também a evolução da própria Advocacia. “Estamos vivendo um momento de profundas transformações, não apenas nas relações de trabalho, mas na própria Advocacia em decorrência dos avanços tecnológicos”, afirmou, destacando a possível convergência de ideias dos dois especialistas convidados diante do cenário atual.
O Desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca (TRT-9) trouxe uma visão abrangente sobre os impactos da tecnologia no Direito do Trabalho, destacando a evolução tecnológica como um motor de transformação. “A tecnologia vem movendo as relações humanas desde os primórdios. O avanço tecnológico proporciona uma evolução civilizatória”, explicou, citando a era da industrialização como exemplo de resistência frente às novas tecnologias, quando os trabalhadores temiam perder seus postos de trabalho com a chegada da máquina a vapor. O magistrado ainda destacou que a tecnologia, ao invés de eliminar empregos, pode criar novas oportunidades, desde que acompanhada de uma gestão sensata das informações colhidas.
Ricardo também se debruçou sobre as implicações da inteligência artificial no Direito do Trabalho, abordando as potenciais ameaças e benefícios dessa inovação. Embora reconheça o valor da IA na agilização de processos, ele alertou sobre os riscos de uma substituição total das funções essenciais. “A IA soma-se de forma positiva, mas a substituição total das funções do Advogado é grave”, afirmou. Além disso, ele criticou os movimentos que visam enfraquecer a justiça especializada do trabalho e apontou a necessidade de transparência algorítmica nas decisões automatizadas. “Devemos ter acesso às fontes da programação, garantindo que as decisões não sejam enviesadas por ideologias ocultas nos algoritmos”, completou.
A Advogada Ana Carolina Lourenço foi a próxima a contribuir com o painel, abordando a inovação e tecnologia na Advocacia. Como grande entusiasta do tema, Carolina destacou que a automação já é uma realidade em diversos aspectos da profissão. “Falar sobre tecnologia e não nos remetermos à história é uma grande falha. Devemos olhar para o passado a fim de construir o futuro”, disse, refletindo sobre a evolução da profissão ao longo do tempo. A Advogada destacou a necessidade de adaptar as inovações tecnológicas às demandas do dia a dia, sem perder o foco nas necessidades práticas e humanas. “Uma bailarina não quer que a IA dance por ela, mas passe informações importantes para a sua performance”, exemplificou.
Carolina também frisou a importância da colaboração entre os profissionais e a utilização da tecnologia como um apoio, e não uma substituição. “Como humanos, somos falíveis. A máquina não corre esse risco. Manteremos nosso protagonismo revisando e sistematizando funções para que possamos nos atentar a outras mais importantes”, afirmou, sugerindo que as ferramentas de IA podem otimizar tarefas como automação de processos e análise de risco, liberando os Advogados para funções mais estratégicas. Ela ainda chamou a atenção para a importância das soft skills no cenário atual da Advocacia. “Tudo isso faz com que os profissionais se diferenciem em seu ramo. A excelência técnica é requisito básico da Advocacia atual. O Advogado do amanhã só se constroi com o Advogado de hoje”, concluiu, ressaltando que inovação vai além da tecnologia, sendo uma constante na busca pela excelência profissional.
O painel foi uma verdadeira reflexão sobre os desafios e oportunidades trazidos pela tecnologia para o Direito do Trabalho e para a Advocacia. A abordagem de como a inteligência artificial pode transformar a dinâmica jurídica, sem perder o caráter humano e ético da profissão, foi amplamente debatida, destacando a necessidade de adaptação e transparência para garantir um futuro justo e eficiente para as relações de trabalho na era digital.
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