22/11/2022
Bacharel em Direito questiona a desigualdade que gera a adoção e alerta contra a romantização do processo.
Quem foi legalmente acolhido como filha ou filho foi alvo de adoção. Há várias maneiras de se adotar uma criança ou um adolescente no Brasil. O processo é regido pela Lei Nacional da Adoção (Lei nº 12.010/2009) e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990), inserido como uma política de Estado. “A adoção não deveria ser necessária, mas é; e está ligada às desigualdades sociais. Falar sobre isso não é desestimular adoções, mas pensar em longo prazo. Quando restringimos o tema a um viés familiar, fingimos ou nos esquecemos do que motiva a necessidade de ter essa política”, argumenta Larissa Alves.
Cofundadora da primeira associação de pessoas adotadas no Brasil, ela critica a romantização do processo em prol de adotantes e, por consequência, a invisibilidade da opinião dos indivíduos adotados, que têm suas histórias tolhidas com consequências dolorosas.
Para exemplificar seu ponto de vista, ela cita uma pesquisa divulgada em 2013 pela American Academy of Pediatrics. O estudo revelou que o número de tentativas de suicídio entre pessoas adotadas é quatro vezes maior do que entre pessoas que não foram adotadas.
“A humanidade é orientada por histórias, mas quem é adotado se vê afastado dessa memória como se de repente sua vida tivesse começado ali, naquela nova família. É desorientador e, por vezes, não se fala nada sobre isso para não magoar ou parecer ingrato com a família que nos acolheu, mas a dor está ali. É uma sensação ruim que causa problemas emocionais graves”. Sobre o ponto de vista dos filhos, Larissa fala mais no Boletim 3159.
Clique aqui e confira a íntegra.